Autoconhecimento: Uma Aventura Inusitada

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Autoconhecimento.

Pra quê serve?

Onde vive?

Do que se alimenta?

Hoje, no Portal Anath Nagendra.

Todos nós crescemos em um mundo cheio de desafios, informação, sonhos, perdas e prêmios. Nossa visão da vida e nossos interesses mudam ao longo do tempo, refletindo nossas experiências e passado. O futuro depende das nossas escolhas, mas também das condições que nos são dadas.

Todos nós temos desejos, crenças e ambições, e certamente não ficamos felizes ao topar com obstáculos e sofrimentos que atrasam, ou pior, impedem que alcancemos nosso objetivo. Buscamos incessantemente por soluções que resolvam nossos problemas e liberem a estrada para a tão sonhada felicidade.

Sabemos, porém, que a vida não é como comercial de margarina, pois vivemos em um sistema social cheio de armadilhas, que nos fazem acreditar que as respostas estão facilmente ao nosso alcance. Em especial, enfatizam como só você é capaz de chegar onde quer, e que, ao falhar, a culpa é exclusivamente sua.

Curioso é que somos criaturas sociais, vivemos em comunidades e dependemos dela. Portanto, a ênfase no indivíduo como único responsável por seu sucesso é, no mínimo, contraditória. Sádica seria uma descrição mais aproximada.

Mas tia Anath, autoconhecimento, individuação, essas coisaí, não seriam o suprassumo desse sistema egoísta não?

Aí vem o plot-twist da história: não! 😀

Quando feito da maneira correta, o autoconhecimento nos leva a uma enorme compreensão não apenas de nós mesmes, mas também dos outros, do mundo e da sociedade. Pois mesmo quando nos perguntamos o porquê de certas coisas da civilização não funcionarem, as respostas inevitavelmente recaem em aspectos psicológicos e ações individuais.

E a psique é coletiva. A dor de um é reflexo de um sofrimento maior.

Autoconhecimento não é apenas sobre nossas características pessoais, comportamentos e etiquetas de personalidade, mas também sobre o que nos levou a ser assim. Buscar esse caminho nos traz não apenas uma maior autonomia nas nossas vidas, mas compreensão sobre o mundo em que vivemos e o contexto em que nos desenvolvemos.

Isso nos dá poder e clareza para buscar o caminho da mudança. Seja a nossa, seja a da realidade.

Olhar para si é olhar para o mundo. Assim adquirimos maior consciência do funcionamento da vida e do coletivo, podendo identificar as raízes dos problemas e pensar em soluções para resolvê-los. Principalmente porque, quando topamos com questões pessoais, precisamos do mundo pra nos ajudar a respondê-las e a agir para mudar a situação.

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Vamos a um exemplo: Introversão e Extroversão são características propostas por Carl Jung e ilustram a forma como lidamos com o mundo “interno” e “externo”, além do quanto gastamos de energia para lidar com o coletivo.

Uma pessoa predominantemente extrovertida tem mais facilidade em lidar com o mundo externo, e sua bateria social se alimenta das interações. Já o introvertido é o oposto, tem maior percepção interna e, mesmo quando bastante sociável, precisa de tempo pra reparar as energias depois.

Digamos que você se descubra uma pessoa introvertida. Por si só, essa realização poderá te trazer uma leveza pelo simples fato de entender porque você se cansa tanto depois de interagir com os amigos, ou de preferir rolês mais calmos e com pouca gente.

Você não é “estranho”, não tem nenhum “problema”, não está “quebrado” e muito menos precisa “consertar” algo ou se forçar a ser alguém que não é. Porém, o mundo está cheio de extrovertidos que vão te ver como o “alien” da turma e te pressionar a mudar.

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Ao compreender quem você é, como funciona, e entender que isso é algo totalmente normal, fica mais fácil (re)construir sua autoconfiança e encarar os desafios da vida com maior firmeza – inclusive buscar mudar o mundo, mostrando que as pessoas são diversas e que você não precisa ser igual a todo mundo.

Com autoconhecimento, podemos perceber como muitas feridas que carregamos foram passadas de geração em geração, sendo naturalizadas como coisas “normais” e que “sempre foram assim”. Pessoas machucadas não têm estrutura para criar outras pessoas de maneira saudável. E assim temos um ciclo complexo de dor e sofrimento, que se reflete em todas as camadas da sociedade, com pessoas cheias de ressentimento e que veem a corrupção e egoísmo como única forma de sobreviver.

Quebre este ciclo.

Autoconhecimento nos traz a capacidade de ver um mundo melhor. Curar nossas dores e desenvolver nossos talentos têm o poder de transformar a realidade, e a nossa felicidade depende da felicidade do outro.

Gosto de dizer que a jornada do autoconhecimento é uma grande aventura – com seus desafios, obstáculos, enfrentamentos e escuridão, mas que nos trazem as conquistas, realizações e prêmios, que se traduzem em luz, paz e prosperidade.

E como tal, é um caminho sem volta e que exige coragem e determinação. Não é fácil olhar para si e perceber nossos defeitos e nossas responsabilidades. Tanto que uma das estratégias mais comuns do status quo é fazer as pessoas projetarem suas culpas nos outros, pois assim se livram do peso de lidar com elas, jogando a batata nas mãos do próximo.

Lidar com nossos demônios interiores é um preço a se pagar pela Liberdade, pela Leveza de ser quem se É, pela consciência expandida.

Ah, mas eu não me importo com essas coisas! Minha vida tá tranquila, por que vou fazer isso?”

Porque, assim como todo mundo, você se adequou ao ambiente em que vive. Você busca se comportar de maneira a garantir sua sobrevivência e convivência com seus pares. Mas, muito provavelmente, isso te custou oportunidades, gerou ressentimentos, reprimiu desejos e opiniões, te cegou para as injustiças, e não te preparou para eventuais problemas e traições.

Infelizmente, muitas pessoas só acordam para a realidade quando a bomba explode no colo delas. Com autoconhecimento, mesmo quando não podemos impedir o vulcão de estourar, temos condições de nos abrigar, de adaptar e sair da situação de risco e sofrimento sem maiores danos.

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Infelizmente, a Vida tem seu lado obscuro, dores e pedras no sapato. Negar isso é caminhar junto às massas alienadas para o precipício. Mas quando despertamos, podemos não apenas escapar desse destino, como também pegar a mão de quem amamos e salvá-los de uma potencial tragédia.

Felizmente, a Vida também é luz e prazer, e esse mergulho interno pode ser divertido e enriquecedor. Ser capaz de ver o lado bom das coisas, sem ignorar as sombras, alimenta a esperança e nos fortalece para essa caminhada encantadora.

Convido vocês a trilhar essa estrada. Cada tijolinho é um pedaço de ti, cada descoberta é uma peça a mais para destrinchar essa criatura complexa e instigante que você é. A Vida está aí pra ser vivida, experimentada, explorada e agraciada. Bora enxergar tudo o que pudermos e aproveitar cada minuto! 😉


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