Dharma Fusion: Individuação & Elixir

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“Dharma Fusion” é um termo que surgiu pra mim há muito tempo, quando senti a necessidade de nomear a maneira como eu criava minhas performances de dança. Gosto de nomes e de sua utilidade comunicativa e simbólica, e buscar uma definição pra minha forma de arte era uma maneira de ter um norte, um melhor entendimento do que eu estava fazendo.

No estilo Fusion de Dança do Ventre, minha arte central, há tantas influências hibridizadas que simplesmente entender essa dança já é um desafio em si – e que fica pior pelo fato de muitos “subestilos” se formarem, ganhando nomes próprios, e bailarinas batizarem suas próprias abordagens.

Sempre me identificava com as vertentes mais ritualísticas e dark, ainda que mantivesse interesse por quase todas as formas. Porém, seguia com a sensação de que a minha dança não expressava exatamente essas linguagens, e por isso não me bastava classificar as apresentações como tal. “Dharma Fusion”, então, foi a nomenclatura que achei que mais se alinhava ao que eu estava procurando, pois refletia a espiritualidade imbuída, mas sem, necessariamente, a “pegada” cerimonial que muitas vezes vemos no estilo ritualístico.

Neste post explicarei, resumidamente, o que o Dharma Fusion é e os principais pilares que o apoiam. Afinal, como isso foi de uma definição de estilo para uma abordagem estruturada, o que exatamente é esse “método” e o que arte, psicologia, filosofia, espiritualidade e ocultismo têm a ver com isso tudo?

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Em suma, Dharma Fusion é a forma como eu, pessoalmente, utilizo a arte como veículo da Individuação e o estou estruturando de forma para que você possa se inspirar e fazer o mesmo, adaptando para o seu próprio caminho. O classifiquei como um “laboratório” pois tem uma natureza experimental e personalizável.

Ok tia Anath, mas o que diabos é “Dharma”, “Individuação” e tudo o mais?

“Dharma” é um conceito-chave em diversas filosofias e religiões orientais, não tem uma tradução específica e muito menos um único significado. O sentido que eu mais me alinho é o de ser o Caminho, ou seja, a “trilha” onde tua consciência navega ao longo da Vida, e que eventualmente chega à Iluminação. Mas minha perspectiva pessoal é que dharma é a soma da existência individual per se com o caminho percorrido por ela. É algo que está além do indivíduo, pois é o trilhar de sua totalidade.

Imagine um livro. O protagonista trilhará sua história, independente de qualquer coisa, e a narrativa é a jornada do personagem, é a estrada sobre a qual ele não tem controle. Ele chegará ao seu destino, não importando qual seja. Para mim, dharma é essa história, essa jornada. O Caminho. Não importa se o livro tem um final feliz ou não, se o personagem evolui ou não, se encontra o que procurava ou não. Ele vive, viveu e viverá sua história, consciente ou inconscientemente.

Alguns vêem o dharma como “a missão”, ou “o destino”, ou ainda o oposto de karma. Porém, minha perspectiva tem orbitado uma percepção análoga à metáfora do livro, onde vivenciaremos a existência conforme o fluxo universal. A Iluminação é a libertação da consciência individual de uma narrativa fixa.

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Assim, o Caminho Espiritual nada mais é que tornar-se cada vez mais consciente do Todo, da estrada trilhada. Ou seja, “alinhar-se ao dharma” é tornar-se cada vez mais amplo, até consequentemente atingir a Iluminação. E aqui entra a influência do Budismo esotérico, como também alguma coisa do Hinduísmo e Taoísmo, na minha percepção “cósmica”.

Parto do princípio que tudo é consciência, Brahman. A Vida nada mais é que o Todo manifestando a si mesmo, experimentando a si próprio, um eterno borbulhar fractal de infinitas possibilidades e universos.

Somos todos Perspectivas, pequenos ângulos, lentes, filtros, que observam a existência e vivenciam seus caminhos em formas lineares. Isso abraça e permite toda e qualquer visão sobre a Vida, o Universo e Tudo o Mais, das mais crentes às mais céticas.

“Individuação”, de raízes filosóficas mas mais conhecido pelo uso de Carl Jung, se refere à Jornada Individual que busca integrar todas as facetas do seu ser, ou seja, tornar-se cada vez mais consciente de si e sua totalidade interior. Em resumo, o caminho para a união do consciente e inconsciente. “Autoconhecimento” é a peça-chave para esse processo, e por isso a psicologia tem uma grande importância aqui também.

E onde entra a arte, filosofia e ocultismo?

Basicamente, a filosofia, aqui, será a “arte do questionamento”. O brilho da curiosidade, a vontade de conhecer, criar, perguntar e responder. Quebrar paradigmas, considerar o Outro, e praticar o socrático “conhece a ti mesmo”. A filosofia é quem nos faz querer conhecer mais sobre a existência, entender seu funcionamento, relações e porquês. This is not a drill.

O ocultismo entra como a crença de que a relação entre a mente e o mundo não é meramente objetiva, concreta e causal, experimentamos com a potencial influência da consciência no universo que vivemos. Sigo a vibe da Magia do Caos, sem muita cerimônia, sem limites ou gurus. Pego o que me serve e sigo em frente, observando e questionando a realidade em suas diversas camadas.

O “elixir” refere-se tanto à Grande Obra da Alquimia quanto ao “tesouro” obtido na Jornada do Herói, o “mito universal” proposto por Joseph Campbell. Será, em parte, o meu processo pessoal de transmutação, assim como o meu legado para o mundo.

Por fim, “arte” será a principal ferramenta da jornada, onde, com ela, poderemos expressar qualquer faceta do nosso ser, em qualquer linguagem e símbolo, de forma que poderemos estudar, experimentar, descobrir, integrar e comunicar qualquer coisa que se refira a nós mesmes.

“Dharma Fusion”, portanto, é uma “fusão de caminhos”, o entrelaçamento de percepções e ferramentas em prol da Jornada pessoal.

Okey, e como vai funcionar esse laboratório?

O objetivo central é expandir a expressão artística ao máximo, utilizando formas e linguagens como desenho e pintura, artesanato e colagens, escultura e modelagem, edição de fotos, vídeo ou música, dança, costura e confecção, moda e maquiagem, poesia e escrita narrativa, e o que mais for possível.

Junto disso, usaremos arquétipos como símbolos centrais para a livre associação e direcionamento expressivo, onde poderemos experimentar tanto sob uma perspectiva coletiva quanto pessoal.

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Fica aqui o convite a você, que busca esse tipo de caminho muito louco, que gosta de questionar, experimentar e aprender: vem fusionar comigo! 😉


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