Ode à Anath Nagendra

Nomes.

Você nasce.

E com isso, lhe dão um nome, que chamamos de ‘nome de batismo’. Ele será registrado formalmente na sociedade e conhecido por Nome Civil. Essa ‘etiqueta’ que seus pais impõem em você já vem carregada de sentidos. Haverá um significado na origem do nome, e os motivos que fizeram eles o escolherem pra ti.

Você cresce, se identifica com o Nome Civil, e a sua relação pessoal com ele dependerá muito das experiências de vida associadas. Talvez você o ame, talvez você se sinta indiferente, ou talvez você o odeie.

[pessoalmente, sempre gostei de ‘Ana’, e amava o meu ainda mais pois era “especial”, a.k.a. ‘Ana sem segundo nome’. Na adolescência criei uma comunidade no Orkut chamada “Anas sem segundo nome”, que durou por cerca de um ano, e continha 5 membros. Eu inclusa. hehe]

Nomes.

Mas não só de Nome Civil você vive. Certamente muitos apelidos orbitaram sua vida ao longo do desenvolvimento – tanto aqueles carinhosos dados pelos tios quanto os maldosos derivados de bullyings.

E como o citado acima, sua relação com os Apelidos pode ser tranquila ou desastrosa. Talvez você tenha algum especial, reservado para os íntimos, ou talvez você use um nickname propositadamente por todo lugar.

[nunca fui fã de “Aninha”, e demonstrava isso. XD Minha mãe me ensinou a não me afetar pelas piadas com “Ana Banana”. Tive vááááááários apelidos ao longo da adolescência e juventude na faculdade, como Ghost, Fantasma, Gasparzinho, Prima Itt, Boring Girl, Bruxinha, Dory… Basicamente tudo por ser branquela, usava cabelo longo, e tentei atravessar uma parede. :p ]

Foto de Kate Trysh na Unsplash

Nomes.

Há ainda o Nome Social e o Nome Artístico, que são escolhidos deliberadamente por você. Pessoas transgênero muitas vezes buscam um Nome Social para ser seu novo Nome, enquanto não conseguem retificar os documentos civis. E muitos artistas optam por um stage name, pelos mais variados motivos.

Seja porque o nome de batismo é “feio”, ou muito complicado de ser dito ou memorizado, ou ainda porque você gostaria de ter algo cujo significado fosse mais interessante, ou alinhado à sua arte.

Porquê nomes?

Sou dos que acreditam que palavras têm poder, e nomes ainda mais. Sempre gostei de checar a origem e etimologia, e estudar como aquilo aparecia na minha vida e no meu ser. Quando comecei a dançar, logo de cara iniciei uma busca por um nome artístico.

Só que no meu caso, eu estava buscando deliberadamente algo cujo significado fosse poderoso e incomum, e que representasse algo que eu gostaria de “invocar” na minha vida. Na época, estava na onda de nomes de deusas. Embora houvesse diversas deusas que me atraíam – como Durga, Kali, Inanna ou Ishtar – esse interesse era comum à muitas outras bailarinas. Foi quando encontrei Anath.

Anat & Nagendra

Anat foi uma deusa do período Neolítico, e que representava muitas coisas, desde fertilidade e sexualidade, à beleza, caça e guerra. Reuni um resumo das informações que encontrei por aí aqui, caso tenha interesse em ler em mais detalhe sobre. Além de conter meu nome civil imbuído, é uma deusa cuja personalidade é mais complexa que deuses de panteões mais recentes, sem ser um recorte mais restrito como as figuras gregas, por exemplo.

Também senti a vontade de ter um sobrenome artístico, e buscando por palavras em sânscrito – uma língua sagrada que sempre adorei – e encontrei “Nagendra”, que também possui diversos significados, mas o resumi como “A grande serpente”. Tem mais infos sobre no link mencionado acima. 😉

Foto de Jon Tyson na Unsplash

Assim escolhi o nome que me acompanhou por cerca de dez anos, com o significado “Anath, a Grande Serpente”, e que se alinhou com o período da minha vida em que busquei um aprofundamento da minha autopercepção. Acredito que tive sucesso em invocar a energia desta deusa misteriosa e antiga.

A marca

A maravilhosa Fê do Caligrafê desenvolveu a marca que usei com grande maestria e detalhe. Pegando as minhas informações e visão do nome, ela criou uma fonte exclusiva para ele e um símbolo que o acompanhasse – este que ainda uso por aqui. Maiores detalhes também no link lá de cima.

Foto de Claudio Etdges

Ode à Anath Nagendra

Após um bom tempo resistindo, percebi que minha vida estava me levando a mudar de área e que o nome Anath Nagendra já não ressoava comigo como antes. Depois de passar por um pequeno “luto”, optei por renovar minha vida e deixar esse capítulo para trás. Mas levo comigo tudo o que essa energia me trouxe.

Anath me propiciou muitas vivências e experiências, em especial a confiança de que minha dança é interessante, que sou capaz de encarar um palco mesmo sem preparo, e tudo o mais que vivi nesse ramo das artes cênicas e expressão corporal.

Anath Nagendra seguirá em meu espírito e em meu passado, com muito orgulho. ❤

Agora sigo em frente como Quimera Mnemosyne, como o aspecto simbolizante da memória e criadora das musas, com suas diversas expressões artísticas. Que eu possa seguir meu caminho com confiança, expandir minha consciência e percepção e trazer esse conteúdo para o Laboratório e a quem se interessar nessa jornada!


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